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OPINIÃO: Sabe aquela lenda da cabeça de burro enterrada em nossa cidade?

Está cada vez mais difícil nos sentirmos bem em nossa própria cidade, a cidade que amamos ou que, no mínimo, escolhemos para viver e criar os filhos, que são sempre esperança de renovação e de mudança no espaço urbano que nos acolhe. Santa Maria, infelizmente - e me incluo entre os que, sem qualquer pejo ou medo de confessar essa bem-querença, a amam e, por amá-la aqui permanecerem - a cada dia mais se torna uma cidade em que nos deparamos com desafios intransponíveis.

Desafios que vão desde a singela e natural expectativa de se poder contemplar uma cidade limpa e organizada, até as questões mais complexas, que envolvem o antigo e repetido tripé dos slogans das propagandas governamentais e da retórica vazia das promessas eleitorais: saúde, educação e segurança.

E nem vamos falar de mobilidade urbana, de planejamento voltado às graves questões infraestruturais. Nem vamos falar de saneamento básico (de alguma forma embutido no conceito mais amplo de saúde pública) ou do caos em que se transformou o centro da cidade, cujas calçadas estão tomadas por vendedores de alhos, bugalhos e bugigangas as mais variadas. Sei, haverá alguém, que, lendo isso, ressuscitará a velha síndrome do coitadismo, que grassou por décadas em relação aos antigos camelôs que se assenhorearam do centro histórico da cidade, sem qualquer cerimônia e com a bênção de políticos, gestores públicos e, óbvio, dos defensores do dito "coitadismo". Mas não me importo, quero uma cidade limpa e organizada. Quem ama a desordem urbana e a exploração da mão de obra, o subemprego e deles faz meio de vida ou proselitismo político que continue sua cruzada no rumo do caos.

Eu - volto a dizer, como faço há décadas -, quero uma cidade limpa, iluminada, bonita, organizada, com espaços e equipamentos públicos urbanos agradáveis, acolhedores e disponíveis para todos. Quero uma cidade para todos os cidadãos, quero uma Santa Maria cidadã, capaz de, generosamente como sempre fez, a todos acolher indistintamente, dando e recebendo afeto, dando e recebendo carinho, abrindo oportunidades, criando perspectivas de crescimento pessoal e profissional, ensinando aos que buscam ensino e educação e aprendendo com quem traz experiências bem sucedidas para repartir conosco.

Quero, e me perdoem o ousado desejo, uma cidade onde todos possamos circular livremente, com transporte público organizado e financeiramente acessível para quantos dependam do transporte coletivo e com possibilidade de que ônibus e veículos particulares possam rodar pela cidade sem deixar em cada quarteirão um pedaço de roda, de pneu, de amortecedor, de escapamento ou da própria lataria. Mas como esperar isso em uma cidade na qual se ergueu, com dinheiro público, um hospital projetado para ser referência e que, depois de quase duas décadas de construção e depois de dois anos pronto, abriu apenas como precário ambulatório?

Neste caso, eu sei, a culpa, transcende os limites do Vacacaí-Mirim. Sabe aquela lenda da cabeça de burro enterrada em nossa cidade? É lenda mesmo. Na verdade, são várias cabeças de burro enterradas!

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